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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Os riscos ambientais dos vazamentos de petróleo nos oceanos.


A exploração de petróleo nos oceanos é uma atividade crescente no mundo com o desenvolvimento de tecnologias avançadas como a construção de plataformas marinhas cada vez mais eficientes e resistentes. O Brasil encontra-se entre os principais exploradores de petróleo no mar, tendo a maioria de suas bacias petrolíferas na plataforma continental ou ao longo da margem continental, as chamadas bacias “offshore” ao contrário das bacias em terra, ou “onshore”,  que são pouco exploradas aqui devido ao seu baixo potencial.
Seu extenso litoral e a presença de bacias “offshore” com grande quantidade de petróleo, como a bacia de Campos e, mais recentemente, a descoberta da reserva da camada pré-sal, localizada a até 7 mil metros de profundidade (bem mais profundo do que o que se explora hoje) que deixará o país entre os
maiores produtores e exportadores de petróleo, colocam o Brasil na vanguarda da exploração do produto no oceano, realizando perfurações e extração em profundidade recorde.
O grande problema são os riscos de acidentes nesse tipo de exploração e as conseqüências do derramamento de óleo nos oceanos, em decorrência deles. Vários acidentes já ocorreram em plataformas de petróleo, como o do Golfo do México, na costa dos Estados Unidos, em abril de 2010, que resultou no lançamento de quase 5 milhões de barris de petróleo durante os quase três meses de vazamento, ocorrido após a explosão da plataforma localizada a cerca de 80 quilômetros do estado de Louisiana.
Apesar de uma recuperação “mais rápida do que o esperado” do meio ambiente marinho da região, segundo estudos científicos realizados, até agora não são conhecidos totalmente os impactos causados, segundo esses mesmos estudos. Isso parece um contra-senso, pois, se não são conhecidos os impactos, como avaliar o grau de recuperação? De qualquer forma foram essas as conclusões dos estudos após um ano da tragédia.
O fato é que milhares de animais, aves, crustáceos, peixes, corais e outras espécies da fauna marinha morreram nos meses seguintes à tragédia. O petróleo mata os microorganismos vegetais e animais dos quais os peixes se alimentam e estes se contaminam ao se alimentarem dos resíduos e morrem. Outros peixes morrem intoxicados diretamente pela mancha de óleo, cujas substâncias tóxicas também se acumulam nos tecidos dos mamíferos e tartarugas. Também as aves aquáticas têm suas penas impregnadas de óleo, afundam e morrem afogadas e, pra completar, os mangues também são atingidos, tendo sua flora e fauna prejudicadas.
Como se vê, os prejuízos ambientais são gigantescos, muitas vezes imensuráveis, prejudicando todas as formas de vida marinhas e as que se relacionam com ela. O Brasil já teve acidentes graves como o vazamento de um oleoduto no Rio de Janeiro em 2000, onde cerca de um milhão e meio de barris foram derramados no mar e, mais recentemente, o vazamento na bacia de Campos, também no Rio de Janeiro, em novembro de 2011, numa plataforma da empresa petrolífera Chevron, que, apesar de ter durado poucos dias e despejado “apenas” cerca de 2.400 barrís de petróleo no mar, serve de alerta para os riscos de novos acidentes.
O que se espera das autoridades é que seja rigorosa a fiscalização dessa atividade em nosso litoral, especialmente por não termos parâmetros em relação à exploração na camada pré-sal, nunca realizada antes. Será que seremos capazes de evitar e/ou combater com eficiência e rapidez um eventual acidente a essa profundidade? Difícil responder, mas se nos basearmos pelos eventos recentes no Brasil e Estados Unidos, temos motivos para temer. Daí a necessidade de serem realizados sérios estudos de impacto ambiental nos processos de licenciamento da atividade, além de altos investimentos em tecnologia de prevenção e combate a acidentes.


* Esta matéria foi publicada, pelo mesmo autor, em www.proparnaiba.com/meioambiente

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